15ª JORNADA DE AGROECOLOGIA

15ª JORNADA DE AGROECOLOGIA

Terra Livre de Transgênicos e Sem Agrotóxicos

Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade, Colhendo Soberania Alimentar

Construindo um Projeto Popular e Soberano para a Agricultura

Neste ano, a 15ª Jornada de Agroecologia ocorreu entre os dias 27 a 30 de julho de 2016 no município da Lapa, região Sul do Brasil. O evento contou neste ano com a presença de aproximadamente 3 mil pessoas, as quais se destacam estudantes, agricultores e agricultoras de vários movimentos sociais e de diferentes partes do mundo, tais como Itália, Chile, Peru, Guatemala, Espanha, dentre outros.

A Jornada deste ano tem analisado e discutido juntamente de líderes de movimentos sociais, educadores e classe trabalhadora: O projeto da classe dominante para a agricultura e suas consequências para a população brasileira; os desafios da agricultura familiar frente ao cenário político atual; o processo de construção do projeto popular e soberano na agricultura para a sociedade brasileira e o cuidado com a casa-comum.

Conforme destacado nas falas de João Pedro Stédile (MST), Roberto Baggio, Ana Chã e outros companheiros presentes, o cenário atual que a sociedade está vivenciando não é um cenário de crise e sim de golpe. Neste contexto, o governo de Michel Temer vem propondo algumas medidas que visam fortalecer o capitalismo e em contrapartida, afetar a agricultura familiar brasileira.

Como reflexo das medidas do atual governo na agricultura temos a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA): a partir da extinção do ministério, o governo interino interrompeu as políticas públicas adequadas e adaptadas aos camponeses e camponesas, como no caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Moradia Popular, dentre outros; transferência do INCRA para a Casa civil: a fim de dificultar as ações do INCRA.

O  governo quer controlar as  atividades  pelo  INCRA desenvolvidas,  uma vez  que este  é responsável pela titulação de terras públicas e muitos do governo possuem terras irregulares; liberação de terras do Brasil para o capital mundial; barrar a legalização das terras indígenas e quilombolas. Tais terras pertencem à União, são terras de uso comum e o capital quer se apropriar para posteriormente tê-las como mercadoria a partir da venda ao estrangeiro; paralisar a reforma agrária; liberar o uso de agrotóxicos: tirar a responsabilidade da ANVISA dos processos de fiscalização e liberação e dar o direito ao MAPA (uma vez que esse atende aos desejos do governo golpista e pouco conseguirá controlar tal questão); alterar a previdência rural: aumentar o tempo de contribuição em 10 anos e assim aumentar a exploração dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

Segundo Leonardo Boff, é somente com luta que podemos conquistar nossos interesses e mesmo que o projeto popular seja construído em um longo período histórico, o horizonte firmado deve superar e enfrentar as ideias do capitalismo, do latifúndio, da propriedade privada (uma vez   que   muitos não têm   nada e poucos   têm   muito) e, principalmente, da exploração da classe trabalhadora.

 

A Agroecologia é nossa matriz produtiva, ela está alinhada a ideia da democratização dos direitos e da terra, ela se preocupa com a mãe terra e se contrapõe as ideias do capital, onde a terra é tida como riqueza e mercadoria. A agroecologia entendeu que ela deve produzir segundo os ritmos e a lógica da natureza, não segundo a lógica da produção que é a superexploração. É preciso tirar dela o que precisamos, mas deixar tempo para ela se auto- reproduzir e para continuar dando para nós e para a comunidade, com a natureza devemos e temos de manter uma relação de respeito e cooperação.

Ademais, a participação nesta 15ª Jornada de Agroecologia foi uma alegria imensa e intensa. A Jornada, além de ser um espaço de construção de conhecimento e de reflexão, é um espaço intenso de carinho, acolhimento, ajuda ao próximo e de novas amizades. É um espaço de desejos comuns, de mistura de sabores e saberes e acima de tudo, de luta, união e fortalecimento. “O capitalismo nunca foi de quem trabalha nossos direitos, só a luta faz valer” .

 

PorBruna Meira2

Bruna Meira

Estudante do 2º ano do Curso de Engenharia Agronômica UFSCar – campus Lagoa do Sino

Flávia Sanches • 30/07/2016


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